segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bairro nobre/Morro pobre


Era uma vez um bairro
onde só havia gente de bem
educada, honesta, branca, letrada...
um lugar pacifico e próspero


era uma vez uma árvore
um morro e um fruto

a árvore era genealógica de escravidão ,
cor e pecado

o morro:uma fuga da seca e da fome,
desemprego e abandono

a fruta era de pedra de fumaça e prazer
de lucro e de morte liberdade e escravidão
e dor

aqueles que comerem do fruto
serão senhores
conhecedores da verdade e da vida
serão herdeiros do inferno e da morte

e até a sua quinta geração sofrerá


era uma vez um bairro que visitou o morro
era uma vez um morro...

3 comentários:

Universo em crise...a reconstruçao da subpoesia disse...

Raquel Luiza diz:
O contraste real que usa em suas palavras é a maneira expressiva de se ver o que de fato está a nossa volta, é justamente o nosso mundo em tantas ou todas cidades, a maneira de se ver e sentir as diferenças impostas pela sociedade, algo tão grotesco, porém cheio de um certo mistério que nunca terá solução.
Poder sentir isso é na verdade uma maneira de deixar livre parte de nós que anseia por mudanças, justiça e liberdade.
Que sua voz através das palavras nunca se cale, porque o seu talento e sua maneira de ver o mundo, aliados, dão certa beleza ao que aos nossos olhos nunca será belo.

Ceiça disse...

O que escreves reflete muito o que és.Uma salada de sentimentos, que muitas vezes são tão opostos e parecem digladiar entre si. Dentro de ti existe um vulcão em constante trabalho e que dá impressão de que entrará em erupção a qualquer momento!
São sentimentos de ódio e amor, descontentamento e prazer, anseio (desejo) e desesperança, busca e cansaço (desânimo), revolta e compaixão, desprezo e adoração!
Para conhecer-te temos que ver o todo e não apenas uma das faces. Não és como uma moeda, que só tem dois lados: ou uma ou outra está voltada para cima. És como um prisma. Um prisma decompõe a luz branca e podemos ver as luzes coloridas separadas: observamos assim o fenômeno da dispersão cromática. Uma vez separadas as cores a partir de um feixe de luz branca, pode-se utilizar um segundo prisma, de acordo com um ângulo adequado, para que as diferentes cores voltem a se reunir, formando de novo a luz branca.
Assim te vejo!
Bjão de sua amiga.

Luciene disse...

É admirável a forma que você usa as palavras e os pensamentos. Você escreve com talento e principalmente originalidade. Digo, de coração,que sou sua fã. Beijos.