sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Fabulas Alvoradenses(parte Três


E mais um dia inicia-se.....
O príncipe, apesar de muito trabalhador,
repousa em seu doce-amargo lar,
enquanto a princesa, amanhece no batente,
pois mesmo tendo muitas coisas boas na vida e comodidades,
só tem porque conquistou-as com sua garra e determinação,
sofrendo muito para alcançar seus objectivos.
Mas eis que chega a hora..........

O PRIMEIRO ENCONTRO!

A princesa:
aguarda ansiosamente para chegar a hora de ir embora do trabalho
para ver o seu amado príncipe.

O príncipe:
acostumado a conquistar todas, nem liga.
Perfuma-se e veste sua jaqueta de couro atraente,
aquela que "todas" adoram e não resistem.

A princesa: chega feliz ao local combinado,
10 minutos antes,
para não deixar a pessoa que mais ama esperando-a por muito tempo.

O príncipe:
Resolve seus problemas antes e nem vê o horário,
afinal, que horas era mesmo o encontro de hoje!?

A princesa:
Estranha, pois procura desesperadamente por "ele"
mas não há ninguém a esperando.

O príncipe:
Lembra que tinha marcado de se encontrar com aquela que ele
dizia ser sua amada princesa.

A princesa:
Espera... Espera..... Espera.......
Cansa de esperar e vai embora.
Triste, desiludida com aquele conto.

Ela sempre soube que não podia ser verdade,
ela nunca acredito no amor mesmo,
nem ao menos conhecia o amor até conhecer o príncipe.

Ela volta a realeza urbana ciente que nada daquilo era verdade,
tendo buscar uma explicação para o fora que levara.
Ela não encontra.

Ela sabia que nada daquilo poderia ser de verdade!!!!!


Vivian Fiedler

já era muito tarde na babilônia capitalista urbana medieval
a chuva cai nervosamente, a carruagem se arrasta
e sua amada não esta mais no lugar marcado
(cansou, na certa,de esperar por mais um atraso seu)
-por que será ,faço tudo errado?

sente o choro sofrido ecoando numa Assis Brasil escura húmida
vai ao encontro de sua princesa prometida
se guiando por um soluço e uma voz se lamentando

sente em seu peito a dor de magoar sua amada mais uma vez

sente o medo de perde-la de novo

ensaia um sorriso nervoso e vai ao encontro
de uma princesa machucada

tudo que ele disser soara como mentira

então ele se cala...
a envolve num abraço sincero
beija seus lábios
sabe que suas desculpas não serão aceitas
mas sabe que seu abraço apagara qualquer magoa de hoje

ela sente seu coração e ele sente que a ama
ele pega a mão dela
faz uma prece em silencio
e promete ama-la

ela não acredita em suas promessas
mas ele a protege com sua jaqueta de couro
e a leva segura ate sua casa

é noite e chove
a garoua fria da noite de Porto Alegre dos namorados

eles selam com um beijo
uma noite perfeita
em que tudo deu errado

Paulo César





quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

"Fabulas Alvoradenses(parte uma antes da terceira parte...

ELE

depois da queda 
o príncipe embainha sua espada dourada cortante
corta o cabelo, fica feio , afina o violão
toca uma bossa, escreve uma poesia inútil pra ninguém

Num reino nem Tao distante
cercados de Big e Carrefuor
prédios cinzas e barro vermelho
tiroteio e gente acostumada a perder mais do que ganhar
de pessoas q sustentam uma sociedade
para morrerem noutra

esta um príncipe real deprimido

mas sua historia apenas começa....


ELA
a princesa chega no seu palácio real
lágrimas e uma dor no coração
ouve Djavan desfaz o penteado
se odeia,abraça seu mascote, dorme
sonha com ele e ele com ela sonha


a bela paisagem dum triângulo
a bela babilónia suburbana capitalista acordada em plena madrugada
engole trabalhadores feudais
lá vai um príncipe coração machucado ,calos nas mãos
sonha com a bela prometida
e ela com ele sonha
indecisa chora...(treina no espelho as palavras falsas e ousou falar):
foi melhor assim


mas há vários por-do-sol
numa destas se encontram...
 




quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Fabulas Alvoradenses(parte Dois..por enquanto

era uma vez..
o cruel mundo medieval cotidiano moderno capitalista sujo e egoísta
onde são poucos os momentos que se pode sonhar...

antes de dormir
o príncipe tenta lembrar do cheiro de sua amada princesa
ela lembra das vezes que ele o magoou
e o medo lhe assaltou os sentimentos

ele sente-se seguro , confiante
a princesa decidida ensaia um 'não'

é sábado
 
lá vem o jovem galante príncipe real
com sua espada dourada e seu cavalo branco escovado (alugado)
terno e jeans,cabelo volumoso cacheado desarrumado
sorriso num deboche,covinhas e confiança
a segurança que os bobos têm

o coração da jovem prometida princesa pula
ela não consegue fitar os olhos negros graúdos de seu amado príncipe
recebe as flores,transpira e sorri nervosamente


palavras ensaiadas num espelho
escrita nas folhas de uma agenda velha
ecoam da voz grave  de um príncipe latino esquerdista de cor parda

sua voz maliciosa , gíria e sotaque
falam de paixão,romance e casório

ao som da batucada de dois corações reais

a voz fraca, vacilante ,aguda 
brota em palavras 
uma a uma penetrante
nos ouvidos e no coração
cortando como adagas ,sangrando
(esta noite será uma noite longa)
de mais uma batalha perdida


por fim
a princesa pede que a amizade seja mantida

-por você eu faria isso mil vezes...
é o que diz um príncipe derrotado



ele pega sua capa e sai desconcertado
seca suas lágrimas ,disfarçadamente mantém sua pose 

ela volta pra casa em prantos...
lamentando 


foi melhor assim

por enquanto....
 



"Fabulas Alvoradenses(parte uma antes da segunda parte...

Parte I
era uma vez...

sabe o príncipe?não pôde aparecer...
trabalha domingo pra cobrir as folgas de sábado

seu tênis rasgou do lado do nome 
de sua amada escrito a caneta e coração,
a conta do telefone  atrasou e desta vez
nem as horas extras pagam

este ano tem que pensar na facul
e a grana tá curta
é a hora de arrumar outro emprego, 
tomar coragem
e pedi-la em namoro

(pega um papel
escreve uma carta,transpira
e se pergunta se ela vai gostar...)

Parte II

sabe a princesa?
acorda cedo,pega o ônibus
toma agua de cocô contemplando um guaiba amanhecido

pensa nele(nervosa)
e nas mentiras que ele conta

vai pro escritório,com ar condicionado,café e saudade

checa os e-mail,orkut e espera
por gracinhas e cantadas de seu amado pretendente no msn meio dia

finge estar brava
briga e vai almoçar
pensando nele
e no seu pouco juízo


(fim da uma parte antes da segunda)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Fabulas Alvoradenses(parte Um


Era uma vez...
















um príncipe encantado plebeu esquerdista
e uma princesa universitária
que trabalhava em escritórios

o príncipe andava a pé
e a princesa tinha medo do escuro nocturno
o príncipe tinha muitos amigos
e a princesa andava só

ele tinha uma espada dourada
e ela um dote
por ela , ele mataria mil dragões
e ela não acreditava neste papo furado

ele economizou e comprou uma rosa
ela riu ,mas achou bonito
ele a convidou pra sair,no por-do-sol de um Guaiba
ela preferiu o calor insuportável
da solidão do palácio real portoalegrense

ele escolheu um barzinho perfeito
ela só queria ficar um pouquinho só

o príncipe alugou um cavalo branco alado selvagem
ela soltou o cabelo e se perfumou
ele passou sua roupa eu usou o seu único  terno
a princesa pensou na chapinha e 
colocou o vestido desbotado que ele mais gosta

o príncipe calçou o seu melhor all-star vermelho
ela tinha os pés seminús numa rasteirinha florida

ele invadiu seu castelo e lhe pediu a mão
ela riu e disse q ia pensar
ele tremeu e ia embora
ela lhe beijou os lábios


ele foi embora bobo extremamente alegre
ela ficou e chorou...


(fim da primeira parte)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

sujeitado homem

vai nascer mais um homem
lá em cima
vai nascer mais um,
pra morrer de fome

vai crescer mais um,
pobre favelado
vai crescer sujeito homem
sujeitado

é de noite
é de ônibus lotado
é no S.U.S.
ambulância, leito, quarto abarrotado,
ou num corredor socado
nasceu mais um homem
sujeitado

nasceu macho, chorando
no corredor lotado
mais um negro, 
pelo pai abandonado
mais uma mãe solteira
parda


nasce um sujeito homem 
sujeitado

as misérias e as lutas desta vida
mais um enteado
de homem branco
ignorado
e criado entre os outros
filhos legítimos do casal

nasce mais um negro.homem,
que aprendeu desde cedo

que a sua raça(humana)
subdivide-se por cor

e que o privilegio da escolha
lhe foi tomado

esta é a primeira lição
a segunda é baixar a cabeça
e seguir